Vale a pena ser generoso



Generosidade é uma palavra que costuma frequentar ambientes ligados ao pensamento religioso ou a algumas escolas morais e filosóficas. Virtude muito valorizada nos círculos familiares e sociais, cantada em prosa e verso quando se trata das relações afetivas, a generosidade está entre os valores centrais de algumas ideologias políticas, aparece com destaque no discurso de quase todos os partidos, mas está miseravelmente ausente da prática política em geral. Nos ambientes profissionais, particularmente nas relações comerciais e trabalhistas, a generosidade é normalmente associada a burrice.


Quem age com gererosidade em uma negociação qualquer é imediatamente chamado de "bobo", "ingênuo", "trouxa", "otário" etc. Como se de repente a virtude virasse vício. Abrir mão de alguma coisa (dinheiro, poder, projeção pessoal, fatia de mercado, margem de lucro, ponto percentual de comissão etc.) em favor da outra parte envolvida na negociação, parece uma loucura inconcebível. Qualquer vantagem precisa ser arrancada à força, como se o outro lado fosse sempre "o inimigo". Ser generoso significaria "perder", quando todos querem "ganhar". Será correta essa mentalidade? Estou convencido de que não. Meus motivos não são de ordem moral ou religiosa. Acredito que se deve ser generoso nas relações profissionais, assim como nos outros "departamentos" da vida, não porque é "certo" ou "bonito", mas porque a generosidade dá resultados positivos. Generosidade gera aceitação. Diante de uma pessoa generosa não há como se defender, porque essa atitude não representa ameaça. Quem age com generosidade será sempre bem recebido em qualquer lugar, pois essa é uma forma de agir que todos respeitam, mesmo quando consideram uma tolice. Generosidade gera comprometimento.


O senso comum de justiça leva qualquer pessoa a se sentir comprometida com alguém que se mostrou generoso quando não era obrigado a ser. Generosidade gera reciprocidade. Um ato generoso geralmente é retribuído. Quando não é possível a retribuição direta, ela surge por vias indiretas. Alguém impossibilitado de retribuir na mesma moeda, procurará outros meios de retribuir. Ou uma terceira pessoa assumirá a incumbência de retribuir em nome de outro, ou... Um ato generoso costuma dar origem a uma "corrente da felicidade".Generosidade gera fidelidade. Uma pessoa mesquinha e interesseira será traída com muito mais frequência, pois trair alguém generoso é dupla traição. Um patrão generoso certamente terá uma equipe muito mais comprometida. Generosidade gera segurança. Uma sociedade mais justa teria menos problemas de segurança pública. Generosidade gera auto-estima.


A convicção de ser melhor do que se é cotidianamente, representa um grande ganho, pois, melhorando a auto-estima criamos novas e melhores perspectivas pessoais. Um ato generoso costuma desencadear uma série de consequências favoráveis.


Quem for além de alguns atos generosos esporádicos, conseguindo manter uma conduta generosa constante, será constantemente surpreendido por acontecimentos favoráveis, pois seus "investimentos a fundo perdido" retornarão multiplicados. Portanto, mesmo que seja por interesse... vale a pena ser generoso.


Alberto Centurião é consultor e palestrante

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